quinta-feira, 4 de agosto de 2011

QUEM É VOCÊ? MOOJI

Quem é você?

Pergunta: Mooji, você sempre lança a pergunta “Quem é você?” na nossa cara… Então, agora eu lhe pergunto: “Quem é você?”

Mooji: Eu sou o atemporal, o imutável, o Real.

P: De onde você veio?

M: De lugar nenhm.

P: Mas você está aqui!

M: Sim, sempre assim.

P: Por que você veio?

M: A pergunta “por que?” é irrelevante. Eu nunca vim, eu nunca irei; eu sou a existência além de qualquer razão ou causa; Eu Sou, além da mente e de seu mundo, assim como você.

P: Mas eu posso vê-lo, sentado aqui perante mim!

M: Sim, antes de “mim”, eu sou. O que você vê não é o que eu sou.

P: Eu não entendo…

M: Você não pode entender a Verdade, você pode apenas conhecê-la, realizando que você é a própria Verdade. Não pense que a mente o ajudará. O papel dela é lhe confundir, é provocar dúvidas em você – um trabalho que ela faz muito bem. [Risadas] A única coisa é que ela precisa da sua cooperação para enganá-lo – um trabalho que você faz muito bem [Risadas] É um jogo, e é por isso que é chamado de leela - o jogo de Deus. É a sua própria Maya brincando com você. Pensamentos vêm e vão; o Ser, não. Você testemunha os pensamentos. Você é a tela imutável na qual os pensamentos são percebidos, e você é quem os percebe também – essa é a charada da existência. Enquanto você se identificar com a mente-ego, você não percebe o óbvio – a sua própria presença sem forma.

P: Como eu posso encontrar esta presença da qual você está falando?

M: Ela não pode ser “encontrada”. Ela apenas é, e você já é isso. Pode você traçar uma linha entre você e o Ser? Encontre primeiro aquele que tenta encontrar alguma coisa, e então veja se ainda existe algo para encontrar.

P: Mas, na verdade, eu não sei o que é “presença sem forma”!

M: Claro que você não sabe! Ela também não pode ser “conhecida”. Quem é que está buscando? O que é isso que quer saber?

P: Eu!

M: Certo, e o que é “eu”? Apresente-se.

P: Tudo isso: meu corpo, minha mente, meus pensamentos, desejos também, minha alma…

M: Quem ou o que diz isso? Quem vê isso? Antes que elas alcançassem sua boca, de onde é que essas palavras emergiram? Você me dá uma lista de coisas, você diz: “meu” corpo. Eu digo: corpo de quem? Ele lhe pertence, assim como o seu carro ou suas roupas? Você também diz: “minha mente”, não diz? Significando que é sua, não você. Até mesmo “minha alma” – você diz: “minha alma está se deleitando” ou “minha alma estava pesada com mágoas…” A alma está mudando; você permanece por trás, você testemunha o que acontece m sua alma. Então, quem é você?

P: Eu, eu mesmo…

M: Anterior aos pensamentos e às palavras, anterior ao seu surgimeto, aquilo que nem os precede nem os segue – o que é aquilo? Não toque neste “eu”. Isso é apenas uma palavra, apenas um conceito. Olhe. Não pense. Permaneça em silêncio. Observe.

P: Nada… Eu vejo absolutamente nada!

M: ”Nada” (No thing) está correto. “Nada” querendo dizer sem forma, além da forma, além do tempo. Você não é uma “coisa”; como poderia ser? Qualquer coisa, mental ou física, aparece, flutua ou se move, através da sua consciência. E nós somos a testemunha desta consciência, do seu conteúdo e atividade. Você pode confirmar isso?

P: Sim… sim… então eu sou o mesmo que você?

M: Sim. Apenas remova o pensamento “o mesmo que”.

P: Eu sou você.

M: Sim. [Pausa] E que tal apagar o “você”? Você pode fazê-lo?

P: [Longo silêncio]

M: Quando você disse “eu sou você”, a palavra “você” se refere a Mooji? Você se refere a este corpo sentado nesta cadeira? [Mooji sacode seu corpo como se fosse um boneco] Este corpo é Mooji? Quem é Mooji? Este corpo não é diferente daquele corpo ou todos os outros corpos [apontando para as pessoas na sala]. Ele é feito dos elementos e é comida elementar. Os vermes ou o fogo estão esperando por ele. É isto que você é? Muitos místicos dizem estas coisas: “Tudo é Um, Eu sou você, você é eu, sem diferença…”. Mas se não é a sua experiência, são apenas palavras para você, palavras vazias, e isto pode ser sentido imediatamente. É melhor não dizer nada, ficar quieto. Então, novamente, o que é você?

P: Eu sou.

M: Sim, muito bem. Agora solte o “eu sou”. [Longo silêncio]

P: Quem é que vai apagar/soltar o “eu sou”?

M: Você é que me diz! [O questionador sorri]

P: Se eu não sou nada, então nada apaga coisa nenhuma, o apagar acontece.

M: De fato. Muito verdadeiro. Agora, nem se preocupe com “apagar” e “acontecer”. Não pegue nenhuma arrogância. Não pegue nenhuma ideia. Não pegue absolutamente nada. Fim…

Anthony Paul Moo-Young, conhecido como Mooji é um grande estudioso do Advaita Vedanta.

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