Quem é você?
Pergunta: Mooji, você sempre lança a pergunta “Quem é você?” na nossa cara… Então, agora eu lhe pergunto: “Quem é você?”
Mooji: Eu sou o atemporal, o imutável, o Real.
P: De onde você veio?
M: De lugar nenhm.
P: Mas você está aqui!
M: Sim, sempre assim.
P: Por que você veio?
M: A pergunta “por que?” é irrelevante. Eu nunca vim, eu nunca irei; eu sou a existência além de qualquer razão ou causa; Eu Sou, além da mente e de seu mundo, assim como você.
P: Mas eu posso vê-lo, sentado aqui perante mim!
M: Sim, antes de “mim”, eu sou. O que você vê não é o que eu sou.
P: Eu não entendo…
M: Você não pode entender a Verdade, você pode apenas conhecê-la, realizando que você é a própria Verdade. Não pense que a mente o ajudará. O papel dela é lhe confundir, é provocar dúvidas em você – um trabalho que ela faz muito bem. [Risadas]
A única coisa é que ela precisa da sua cooperação para enganá-lo – um trabalho que você faz muito bem [Risadas]
É um jogo, e é por isso que é chamado de leela - o jogo de Deus. É a sua própria Maya brincando com você.
Pensamentos vêm e vão; o Ser, não. Você testemunha os pensamentos. Você é a tela imutável na qual os pensamentos são percebidos, e você é quem os percebe também – essa é a charada da existência.
Enquanto você se identificar com a mente-ego, você não percebe o óbvio – a sua própria presença sem forma.
P: Como eu posso encontrar esta presença da qual você está falando?
M: Ela não pode ser “encontrada”. Ela apenas é, e você já é isso. Pode você traçar uma linha entre você e o Ser? Encontre primeiro aquele que tenta encontrar alguma coisa, e então veja se ainda existe algo para encontrar.
P: Mas, na verdade, eu não sei o que é “presença sem forma”!
M: Claro que você não sabe! Ela também não pode ser “conhecida”. Quem é que está buscando? O que é isso que quer saber?
P: Eu!
M: Certo, e o que é “eu”? Apresente-se.
P: Tudo isso: meu corpo, minha mente, meus pensamentos, desejos também, minha alma…
M: Quem ou o que diz isso? Quem vê isso? Antes que elas alcançassem sua boca, de onde é que essas palavras emergiram? Você me dá uma lista de coisas, você diz: “meu” corpo. Eu digo: corpo de quem? Ele lhe pertence, assim como o seu carro ou suas roupas? Você também diz: “minha mente”, não diz? Significando que é sua, não você. Até mesmo “minha alma” – você diz: “minha alma está se deleitando” ou “minha alma estava pesada com mágoas…”
A alma está mudando; você permanece por trás, você testemunha o que acontece m sua alma. Então, quem é você?
P: Eu, eu mesmo…
M: Anterior aos pensamentos e às palavras, anterior ao seu surgimeto, aquilo que nem os precede nem os segue – o que é aquilo?
Não toque neste “eu”. Isso é apenas uma palavra, apenas um conceito. Olhe. Não pense. Permaneça em silêncio. Observe.
P: Nada… Eu vejo absolutamente nada!
M: ”Nada” (No thing) está correto. “Nada” querendo dizer sem forma, além da forma, além do tempo. Você não é uma “coisa”; como poderia ser? Qualquer coisa, mental ou física, aparece, flutua ou se move, através da sua consciência. E nós somos a testemunha desta consciência, do seu conteúdo e atividade. Você pode confirmar isso?
P: Sim… sim… então eu sou o mesmo que você?
M: Sim. Apenas remova o pensamento “o mesmo que”.
P: Eu sou você.
M: Sim. [Pausa] E que tal apagar o “você”? Você pode fazê-lo?
P: [Longo silêncio]
M: Quando você disse “eu sou você”, a palavra “você” se refere a Mooji? Você se refere a este corpo sentado nesta cadeira? [Mooji sacode seu corpo como se fosse um boneco] Este corpo é Mooji? Quem é Mooji?
Este corpo não é diferente daquele corpo ou todos os outros corpos [apontando para as pessoas na sala]. Ele é feito dos elementos e é comida elementar. Os vermes ou o fogo estão esperando por ele. É isto que você é?
Muitos místicos dizem estas coisas: “Tudo é Um, Eu sou você, você é eu, sem diferença…”. Mas se não é a sua experiência, são apenas palavras para você, palavras vazias, e isto pode ser sentido imediatamente. É melhor não dizer nada, ficar quieto.
Então, novamente, o que é você?
P: Eu sou.
M: Sim, muito bem. Agora solte o “eu sou”.
[Longo silêncio]
P: Quem é que vai apagar/soltar o “eu sou”?
M: Você é que me diz!
[O questionador sorri]
P: Se eu não sou nada, então nada apaga coisa nenhuma, o apagar acontece.
M: De fato. Muito verdadeiro. Agora, nem se preocupe com “apagar” e “acontecer”. Não pegue nenhuma arrogância. Não pegue nenhuma ideia. Não pegue absolutamente nada.
Fim…
Anthony Paul Moo-Young, conhecido como Mooji é um grande estudioso do Advaita Vedanta.
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