domingo, 13 de junho de 2010
DE VOLTA PARA CASA
Nos distanciamos de DEUS, como o filho que pediu a sua parte na herança e saiu pelo mundo a fora, vivendo os prazeres e as dores (samsara), até o momento em que o vazio de seu coração foi tanto e a "saudade de casa" tomou proporções insuportáveis que o impeliram a tomar a decisão de voltar . (Parábola do Filho Pródigo)
Nos afastamos de DEUS, da UNIDADE, do SUPREMO e nos encontramos no mundo da ilusão. Essa distância da Fonte é motivo para fortalecer a raiz da nossa ignorância (Avidya) e conseqüentemente, motivo de sofrimento.
Distanciamo-nos tanto que já nem sabemos quem somos. Nos identificamos com o nosso "eu", pois precisamos de um nome, de uma profissão, de um endereço e de um sobrenome. Isso nos dá a falsa segurança de saber quem somos.
Vivendo na situação de avidya, que pode ser traduzido por ignorância ou falta de conhecimento, nos basta "ter". Porém, chega o momento que a "saudade de casa" fala mais alto, como no caso do filho pródigo. Buscamos e encontramos. Batemos e a porta se abre. Já não faz mais sentido viver na ilusão do ter. Já não faz mais sentido cultivar o "eu" idealizado que nos dá sustentação na ilusão e nos prende na roda da ilusão. Chega o momento que a compreensão se manifesta e entendemos que não podemos preencher o VAZIO com "coisas", bens e pessoas (apego). Em muitos momentos da vida, nos "empanturramos" de coisas que podem até, momentaneamente, nos dar satisfação e prazer, mas logo o vazio se sobrepõe e percebemos que tudo continua igual: "Saudade de casa". Como bem diz o professor Hermógenes: "Quem, apegado ao que convém, repelindo o que desagrada, temendo o que parece ameaçar, pode esperar desvelar a Verdade do SER?
Ao nos distanciarmos de DEUS, escolhemos o nosso caminho, e cada vida é uma oportunidade de "voltarmos para casa." Escolhemos o que devemos passar, pois pelas experiências, desvelamos a VERDADE de quem somos e como podemos retornar ao lar para que a religação de jiva com atman, do eu com o SER seja a nossa PAZ.
Porém, como podemos voltar à casa apegado ao que convém, ou repelindo o que tememos? Em muitas ocasiões mentimos para nós mesmos, negligenciando o segundo Yama do Astanga Yoga (Oito Passos de Patãnjali), chamado de Satya (VERDADE). Mentimos, enganamo-nos e, quando alguém fala a verdade que não nos convém, nos irritamos, brigamos e muitas vezes odiamos e tomamos o caminho errado, pois não temos discernimento (viveka) e nos distanciamos mais ainda da FONTE, e assim vamos fortalecendo avidya (ignorância).
Escolhemos as situações que precisamos passar. Situações que nos desagradam ou que às vezes sentimos nos ameaçar, porém são como ponte para passar aquele abismo que nos separa de casa.
Quando podemos olhar para as experiêcias e aprender com elas estamos nos aproximando de casa. Cada experiência fácil, ou difícil, boa ou ruim aos nossos olhos, sãos escolhas nossas. Estarmos abertos a cada situação é uma possibilidade de avidya se transformar em vidya e, com viveka (discernimento) saber o rumo a ser tomado. Nesse contexto, o yoga é um caminho que nos permite voltar para casa. Sair do mundo da ilusão para o mundo REAL, onde jiva se une a atman e vê-se a mente unida ao coração. Já não existe o vazio e a plenitude do Ser se manifesta em nossas vidas.
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