Koshas significa corpo, invólucro, dimensão, camada. No yoga falamos de cinco koshas. Corpos esses, não separados, mas integrados, interdependentes. São eles:
1º - Annamayakosha:
Anna = Matéria, Comida Maya= Constituído de Kosha: Corpo
Este é o corpo constituído de matéria, o nosso corpo físico. É nesse corpo que podemos através dos sentidos ter diferentes experiências. É o corpo mais fácil de perceber, pois podemos tocar, ver, apalpar. Ao nos posicionarmos num ásana (postura) colocamos o corpo numa forma determinada. Tônus muscular, posição das articulações, posição da coluna, dos ossos, da cabeça. Vamos tonificando , fortalecendo, alongando. Cuidamos do corpo com amorosidade, pois ele é um templo. Precisamos da harmonia entre os sistemas para que o todo (microcosmos) esteja em ordem (saúde), afastando-nos do caos (doença). A homeostase é imprescindível para a harmonia do todo.
2º – Pranamayakosha:
Prana: Energia vital Maya: Constituído de Kosha: Corpo
Este é o corpo de energia. É um corpo mais sutil que o físico. Não podemos tocar, apalpar, mas podemos senti-lo através da respiração no próprio corpo denso e na mente.
Algumas ocasiões podemos olhar para uma pessoa e ver nela a falta de vitalidade ou o vigor (falta ou presença de energia). Através da consciência respiratória vamos aperfeiçoando a percepção desse corpo. Ao respirar estamos movendo a energia (prana) através dos canais que a conduzem (nadis). Através dessa percepção afinada que temos consciência dos movimentos dos ventos internos (vayus) que são cinco: Apanavayu, Pranavayu, Vyanavayu, Samanavayu, Uddanavayu (assunto a ser tratado em outro artigo). É no corpo energético que podemos harmonizar os chakras (rodas de energia que absorvem e distribuem energia ) sentindo seus efeitos no corpo físico e mental/emocional, pois sabemos da interdependência de todos os koshas. A expressão de que a respiração é a ponte entre o corpo físico e a mente explica muito essa relação. A energia que alimenta e harmoniza cada centro de energia regula e harmoniza cada glândula, sendo que esta última regula diferentes sistemas, órgãos do corpo físico. A função glandular harmônica, determina um corpo sadio e mais que isso, uma mente equilibrada e harmoniosa, pois cada parte do corpo físico, cada chakra está relacionada a diferentes aspectos da vida.
3º - Manamayakosha:
Manas: Mente inferior Maya: Constituído de Kosha: Corpo
Essa é a mente que precisamos todos os dias desde que levantamos, para lembrar que precisamos escovar os dentes, nos alimentar, ir ao trabalho, levar os filhos para escola, lembrar de nossas obrigações e afazeres. Este é o corpo que faz derramar lágrimas de emoção quando o(a) filho(a) canta aquela canção de dias das mães. Que faz rir quando a gente vê a nossa gatinha brincar e se encher de nós com o novelo da lã.
Essa é uma dimensão importante para preservação da vida nesse corpo denso. É nesse corpo sutil que se originam as emoções e pensamentos. Os pensamentos e emoções, na maior parte dos seres humanos, são condicionados a partir das crenças as quais nos submetemos no decorrer de nossa existência. Nascemos perfeitos, completos, unidos à fonte. À medida que os anos passam vamos nos afastando da fonte, distorcendo a visão de nós mesmos. Perdemos a identificação de quem Somos e começamos a criar a identificação do “eu”, um nome, uma profissão, um relacionamento. Experiências vão acontecendo e vamos, a partir das crenças, alimentando esse “eu” mais e mais e nos distanciamos mais e mais da Fonte. Para entender melhor, imaginemos uma pessoa que tem um padrão de vítima. Essa pessoa, em cada situação de desafio reforça esse papel se colocando numa posição de “coitadinho” esperando a ajuda de terceiros para sair da situação, pois ele, com sentimentos de fragilidade e impotência aflora a compaixão, a atenção de outros, situação que o deixa cômodo frente às dificuldades. Experiências são importantes sim. Elas vem para nos fazer crescer e desenvolver durante essa existência e não para reforçar um papel que não é nosso. Porém, na maioria das vezes jogamos fora a oportunidade de olhar para nós mesmos e descobrir o verdadeiro EU, ligado a fonte e por isso livre de todo sofrimento e dor (moksha – Libertação) objetivo do Yoga.
4º - Vijnanamayakosha –
Vijnana: Mente Superior Maia: Constituído de Kosha: Corpo
É um corpo mais sutil ainda. É também é chamado Corpo do Observador Interno, ou Corpo Testemunha. É esse aspecto de nosso ser que observa o corpo físico, o corpo de energia, o corpo mental emocional. É como se ele estivesse no alto de uma montanha olhando tudo com uma visão ampla e completa. É o corpo de não se apega, não julga, não rejeita. É um ponto chave na vivência do yoga para atingir o autoconhecimento. O observador interno pode nos mostrar ou trazer à consciência um padrão de pensamento que temos, como por exemplo: Não consigo, não posso... O observador permite a liberdade através da transformação em nós mesmos. Porém, se o observador está adormecido, esses padrões permanecem e continuamos a alimentar esse padrão que nos prende a mais sofrimento. Durante a prática de yoga o observador interno deve estar sempre ativado para atingir o autoconhecimento. No exemplo da prática de asanas (3º anga) se o corpo testemunha não está atento, o asana é apenas um exercício físico. É nesse corpo que acolhemos o que vem à tona. É a tomada de consciência que permite o eu limitado ser o EU ILIMITADO.
5º Ananadamayakosha
Ananda: Bem aventurança Maia: Constituído de Kosha: Corpo
A natureza desse corpo é “felicidade plena”. É o sentimento de completude, de plenitude, que vamos sentindo e aprofundando na prática do yoga. É um estado em que nada de fora interfere. Não dependemos de nada que é externo. Ao estarmos numa forma, podemos chegar a ser a forma, e nesse momento sentimo-nos completos, nada nos falta. Pode ser um lampejo dessa sensação, mas estamos experimentando a natural existência do nosso Ser. Quanto mais praticamos, quanto mais estamos presentes, mais esse lampejo se torna a realidade em nosso dia a dia.
Fonte:
Apostila de Formação de Yoga, Yoga Integrativa, Garopaba-SC